Não posso mais escrever
Trago no corpo a vontade da vida
Tão intensa
Que me paralisou o espírito
Percebi a grandiosidade em mim
Num vinte de fevereiro
E era noite e era a cama
E o coração saltando pela garganta
Vinte de fevereiro
E eu virei mulher
Quase sem aviso
Vinte de fevereiro
E eu abri as janelas
Nenhuma nuvem no céu
Era o infinito que se compadecia
Com meu medo e minha felicidade
Vinte de fevereiro
Descobri que não poderia mais escrever
Porque as palavras são vícios solitários
e agora sou tanto que sou duas
ou dois
Vinte de fevereiro
Paguei minha dívida com a humanidade
E tenho a alma tranqüila
(...)
Este é o testamento das minhas poesias:
Para vocês, versos da minha vida
Deixo a eternidade.
Março 2010
3 comentários:
Formidavel.
Li todas as suas postagens, Ginha. Você escreve muito bem, com sensibilidade e força criativa. Por que posta tão pouco?
Sei que diz neste poema que ele é o testamento da sua poesia, mas eu o entendo como uma certidão de nascimento -- ou renascimento -- da sua "eternidade". É preciso morrer muitas, muitas vezes, para viver de verdade.
Que lindo, Ginha!
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